Conheça os acumuladores de animais
Quando pensamos em colecionadores compulsivos logo vem à mente imagens de uma casa cheia de caixas, entulhos por toda a parte e várias tralharias. Mas recentemente um outro tipo de colecionador tem chamado a atenção: os acumuladores de animais.
Em sítios, casas ou até mesmo em apartamentos, eles podem estar em qualquer lugar e colecionam desde animais de estimação tradicionais, como cães e gatos, até espécimes silvestres, como cobras e lagartos.
Em fevereiro de 2014, ao atender a um chamado de óbito, a polícia encontrou 199 animais em uma pequena casa na cidade de Lynnfield, em Massachusetts, nos EUA, incluindo 77 gatos, 81 aves, 27 cães, cinco lagartos e duas cobras. Segundo as autoridades, Gaye Miville morreu de morte natural e a casa que ela compartilhava com o marido, Leonard, estava repleta de animais em caixas e gaiolas e cheia de fezes espalhadas pelo chão.
“A casa dos horrores de Palmela”
Os animais foram entregues a voluntários da Animal Rescue League de Boston e da Sociedade de Massachusetts para a Prevenção da Crueldade aos Animais. Muitos deles tiveram que passar por uma avaliação médica e foram encaminhados aos abrigos locais para reabilitação e adoção.
Também em 2014, um outro caso de colecionadores de animais veio à tona na cidade de Palmela, em Portugal. Na ocasião, o Serviço de Proteção à Natureza e Ambiente encontrou mais de 200 animais, entre cães, gatos e ratos domésticos, na casa de Alice Cardoso, que ficou conhecida como “a casa dos horrores de Palmela”, devido às fezes espalhadas pelo chão e aos maus-tratos que os bichinhos eram submetidos.
Acumulação devastadora
O acúmulo compulsivo está associado a uma condição clínica que se caracteriza por uma dificuldade em desfazer-se de objetos ou animais que ocupam várias divisões da casa e que causam “incômodos ou danos significativos aos doentes e àqueles que os rodeiam”, explicou o psicólogo norte-americano Randy Frost, que há vários anos estuda o fenômeno.
A maioria dos acumuladores guarda objetos comuns e sem valor. “Os objetos mais acumulados são roupas, papéis, livros, revistas e caixas”, elencou Frost. A acumulação de animais é menos recorrente, “mas muito devastadora quando acontece”, uma vez que está associada “a um maior grau de delírio e a uma maior resistência à autoridade”, explicou.
Síndrome de Noé
A doença, muitas vezes, também pode estar ligada a outras psicopatologias, como esquizofrenia, perturbações de personalidade, perturbações obsessivo-compulsivas e depressão. “A depressão ocorre em mais de 50% dos casos de acumulação, e os distúrbios de ansiedade também são frequentes”, ressaltou o psicólogo. Os acumuladores também tendem a sofrer de doenças crônicas e de problemas de obesidade.
A acumulação de animais também pode sinal de uma outra doença, a Síndrome de Noé, uma variação da Síndrome de Diógenes (SD) que, de acordo com Frost, “se trata mais de um subgênero da acumulação compulsiva do que de um fenômeno diferente”. Quem sofre da Síndrome de Diógenes tende a se isolar do convívio social, negar a doença e ser autonegligente. São comuns os relatos de moradias quase em ruínas, com objetos acumulados e lixo recolhido da rua. Nos casos mais severos, existem muitas vezes alimentos em putrefação espalhados pela casa, a presença de excrementos e infestações de insetos e roedores.
Fontes: Boston Globe , Observador
Imagem: Siart/Shutterstock.com