A quadrilha que traficou mais de 12 mil bebês brasileiros para o exterior nos anos 80

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Entre 1985 e 1988, uma quadrilha composta por juízes, advogados, promotores, donos de cartórios, enfermeiras, médicos e policiais protagonizaram um dos maiores escândalos da história do país. 

Juntos, eles foram responsáveis pelo tráfico de aproximadamente 12 mil bebês para países do exterior, especialmente Israel. 

O alvo preferido eram mulheres pobres no interior de Santa Catarina e Paraná. Elas vendiam os filhos em troca de um salário mínimo, móveis, eletrodomésticos ou apenas pela sensação de “alívio” por não ter uma boca a mais para alimentar. Elas eram seduzidas pela promessa de que seus bebês seriam mais felizes no seio de uma família estrangeira.

No exterior, as crianças eram vendidas por valores que variavam de 10 mil até 40 mil dólares. Bebês de pele clara e olhos azuis eram os mais procurados.  

A quadrilha foi desmontada no final dos anos 80. Os responsáveis pelos crimes acabaram cumprindo penas leves, por causa da legislação vigente, e muitos deles, até hoje, usufruem do dinheiro que ganharam na época. 

Esse episódio, inclusive, fez com que o Brasil alterasse as leis de adoção, tornando-as mais rígidas. 

Localizados por equipes de reportagem de diversos veículos brasileiros, muitas daquelas crianças – hoje adultos com 30 anos ou mais – revelaram sofrer crises de identidade por nunca terem conhecido seus pais biológicos, não saberem de onde vêm. Alguns chegaram ao país de destino com certidões falsas, com nomes de pais que não existem. 

Muitos deles entraram em contato com órgãos oficiais do Brasil a fim de encontrar sua família biológica, mas não obtiveram sucesso. 

O mesmo acontece com as mães que entregaram seus filhos aos traficantes. Muitas jamais se recuperaram do dano psicológico que esse episódio causou. 

Fonte: G1 e Diário Catarinense 

Imagem: Shutterstock