O sonho de viver na europa pode se tornar um pesadelo
Promessas de trabalho, dinheiro e até de marido em outros países podem ser uma armadilha sem volta para as vítimas. O convite, em algumas vezes, é feito por algum conhecido, que pode ou não saber que está levando alguém para um caminho sem saída.
Este foi o caso da jovem Simone Borges, de 23 anos. Ela deixou Goiânia rumo à Espanha em busca de melhores condições de vida. Acabou aliciada por uma quadrilha que trafica mulheres para fins sexuais. Chegou a pedir à família que avisasse a polícia, mas morreu misteriosamente apenas três meses após sua chegada a Bilbao, em 1996.
Máfia russa
Outra brasileira que teve um fim trágico foi a carioca Kelly Fernanda Martins, de 26 anos. Ela foi abordada durante uma festa junina para trabalhar no exterior. A proposta era de emprego em lanchonetes ou casas de família. Kelly aceitou e deixou dois filhos para trás, no subúrbio do Rio, com a promessa de um salário de US$ 1.500 em Israel. Lá, as coisas foram bem diferentes: caiu nas mãos de uma máfia russa de prostituição em boates. Ela chegou a relatar que foi forçada a manter relações com dez homens por dia em jornadas de 13 horas. Kelly morreu em 17 de outubro de 1998. Seu corpo foi encontrado na rua, em Tel Aviv.
O caso de Kelly se tornou público depois que sua mãe denunciou a morte da filha ao jornal O Globo. A partir daí outros relatos e mais vítimas desse tipo de esquema começaram a surgir, revelando a dimensão do crime de tráfico de pessoas e de como as vítimas se tornam semi-escravas de máfias estrangeiras.
Aliciamento
Boates, agências de viagem, salões de beleza e cooperativas de transporte são os principais locais de atuação de aliciadores para o tráfico de pessoas.
Em 2013, no Brasil, 254 brasileiros foram vítimas do crime de tráfico de pessoas, em 18 estados do país. Os dados foram divulgados em 30 de julho de 2015 pelo Ministério da Justiça a partir de levantamento feito nas delegacias das polícias civis dos estados e constam no Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas. São Paulo e Minas Gerais tiveram o maior número de vítimas no ano de 2013. Foram registradas 184 em São Paulo e 29 em Minas Gerais. O tráfico para fins de exploração sexual é o mais comum, seguido pelo trabalho escravo.
Fontes: Desaparecidos.org , Agência Brasil
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