Plantão Noturno na Emergência: onde o seu melhor nunca é o bastante
O plantão noturno na emergência de um hospital de um país de "primeiro mundo" também é recheado de tristes cenas que conhecemos por aqui: falta de leitos e doentes que sofrem na fila do atendimento.
Um relato anônimo de um jovem médico, publicado no jornal inglês The Guardian, descreve a rotina massacrante de trabalho em um hospital: muitos pacientes, poucos profissionais e falta de estrutura para atender todo mundo.
Noite tensa
"Muitas pessoas ficarão insatisfeitas com o tempo que ficarão esperando para eu conseguir atendê-las. Embora eu trabalhe sem parar no plantão, isso nunca será suficiente."
A descrição do quadro da noite é tensa: "Todas as seis camas de ressuscitação estão cheias. (...) Eu vejo os paramédicos exasperados em uma fila; eles não podem deixar os pacientes. São apenas dois médicos juniores para 150 pacientes, eles começam a trabalhar, mas é difícil."
Momento de "clareza"
"Em um momento de clareza, à 1 da manhã, depois que mal parei de respirar e uma senhora idosa morreu em meus braços, eu me pergunto: 'Isso não é para, supostamente, ser um país desenvolvido? Não nos importamos com o nosso povo? Será que realmente aceitamos que esta seja a maneira que as coisas tenham que ser? Alguém lá fora se importa que não haja camas?'"
Plantão "infernal"
Algumas horas depois, quando o plantão "infernal" acaba (como o próprio médico descreve), é como se fossem abertas as portas de um mundo novo, para que tudo fosse esquecido, até o próximo plantão noturno na emergência.
"Por um momento, sinto como se eu fosse uma criança novamente, despreocupado (...) Tenho um breve e inútil choro no banco do motorista. E então, tudo é esquecido. Tem que ser, porque dentro de algumas horas, eu vou fazer tudo de novo."
FONTE: The Guardian
IMAGEM: VILevi/Shutterstock.com