Aos 72 anos, professora abre mão da aposentadoria e se torna “mãe dos imigrantes”
Aos 72 anos, a aposentada Sonia Altomar poderia estar curtindo seus dias de calmaria, mas ela preferiu se entregar a um trabalho ainda mais desafiador: ensinar português a imigrantes refugiados e, melhor, mudar suas vidas para melhor.
Não é à toa que ela é hoje referenciada por muitos deles como “minha segunda mãe” ou “minha mãe brasileira”.
Tudo começou em 2012, com a chegada crescente de imigrantes haitianos. Sonia, que é formada em português e francês, trabalhava num projeto de alfabetização de pessoas em situação de rua. De repente, começou a ser chamada com frequência para ajudar na comunicação com os estrangeiros que vinham tentar vida nova por aqui.
Sonia sentiu então que era hora de mudar o foco e aceitou o desafio de ensinar os imigrantes a falarem português – e dar-lhes uma oportunidade de ter uma vida digna no Brasil, com emprego e moradia, o mais rápido possível.
“Fiquei extremamente comovida com a situação deles. Era urgente que aprendessem português, porque só assim conseguiriam se inserir na sociedade, trabalhar, entender a nossa cultura”, diz ela. “Arrumamos uma sala e aí não parei mais.”, disse ela em entrevista à Folha de S. Paulo.
Só que as aulas foram evoluindo, e a relação de Sonia com seus mais de 350 alunos também. Ela passou a fazer parte da vida das pessoas que ajuda. Quando alguém adoece, ela aparece para dar apoio. Quando acha que alguém está pronto para entrar no mercado de trabalho, ela ajuda a encontrar emprego.
A professora até identifica talentos ocultos em seus alunos. Foi o caso, por exemplo, de Abdoulaye Guibila, de 28 anos. Ele trabalhava na construção quando, por indicação de Sonia, entrou como bolsista num curso de Gastronomia. Fez bonito nos estudos e se formou com destaque. Hoje trabalha num restaurante em bairro nobre de São Paulo.
Assim que foi admitido, Abdoulaye convidou Sonia para comer lá.
O local onde Sonia dá aulas se chama Arsenal da Esperança e fica na antiga Hospedaria de Imigrantes, na Zona Leste de São Paulo. No passado, o local recebeu 2,5 milhões de pessoas vindos da Itália e de outros países. Hoje, oferece cama, banho, alimentação, acompanhamento de saúde e cursos profissionalizantes para 1.200 homens, a maioria em situação de rua.
Cheia de entusiasmo, Sonia diz que só vai parar “quando o físico não responder mais.”
Não perca a nova temporada de NCIS: NOVA ORLEANS - Toda quarta às 21h40
Fonte: Folha de S. Paulo | Imagem: Arsenal da Esperança/Reprodução