Maratonista etíope que ganhou prata na Rio 2016 finalmente recebe convite para voltar ao seu país
Durante as olimpíadas do Rio, em 2016, uma cena chamou bastante a atenção: o maratonista etíope Feyisa Lilesa cruzou os braços sobre a cabeça depois de receber a medalha de prata.
O ato era um protesto contra o governo do seu país, que incluía a prisão de dissidentes políticos e desrespeito aos Direitos Humanos.
A imagem correu o mundo.
Lilesa pertence à etnia Oromo, que se rebelou contra o governo da Etiópia. Temendo pela própria vida, ele sabia que, depois da Rio 2016, não voltaria ao seu país. Assim, passou a viver nos EUA com a família, em exílio.
Só que agora, dois anos depois do protesto, Lilesa finalmente foi reconhecido como herói em seu país e recebeu um convite para voltar a viver por lá, em segurança.
O motivo é que, em fevereiro, o então presidente Hailemariam Desalegn foi afastado do cargo. Em seu lugar, assumiu o progressista Abiy Ahmed, que também pertence à etnia Oromo – que foi a responsável pelas mudanças feitas no país.
Agora Ahmed quer que o maratonista retorne ao seu país natal e continue a alcançar grandes feitos. “Lilesa é um herói etíope; ele não deve ter medo de voltar”, disse em comunicado.
Os Oromo são o maior grupo étnico da Etiópia. Grande parte trabalha como pequenos produtores rurais em plantações de café. O conflito começou quando o governo anterior começou a desapropriar terras dos Oromo para vendê-las a investidores estrangeiros. Mais de 500 pessoas morreram nos embates.
“Eu sou um maratonista, não um acadêmico ou um político, mas eu sei que todo mundo deseja paz e justiça. Eu vou continuar com minha carreira, e continuar a falar até que os Oromo e os outros grupos da Etiópia encontrem justiça”, disse.
Lilesa, no entanto, ainda não deu resposta ao convite.
Fonte: The Washington Post | Imagem: Youtube/Reprodução