Pastor evangélico manda queimar viva mulher acusada de estar possuída pelo demônio
Vilma Trujillo García, de 25 anos e mãe de dois filhos, morreu dias depois de ser queimada em uma fogueira, acusada de estar possuída pelo demônio.
O caso aconteceu em uma comunidade desconhecida do Caribe nicaraguense chamada El Cortezal.
El Cortezal é um lugar escondido nas altas montanhas da região central do Caribe nicaraguense. Lá, a presença do Estado não existe: não há hospitais, escolas nem polícia. Diante dessa ausência, toda a autoridade recai sobre as mãos de um pastor da Assembleia de Deus, uma organização pentecostal que possui mais de 30 mil fiéis na Nicarágua. Os habitantes, camponeses pobres e mal nutridos, se dedicam à colheita do feijão e à pastagem do gado.
Em fevereiro de 2017, Juan Gregorio Rocha, pastor da Igreja, se dirigiu à casa do cunhado de Vilma Trujillo García para visitar a jovem. Na comunidade, havia boatos de que Vilma estava doente, sofria alucinações e não respondia quando alguém lhe dirigia a palavra. O pastor pediu orações de cura e que levassem a jovem a uma ajuda espiritual.
Como o resto da comunidade, a família de Trujillo é fervorosamente religiosa, por isso não duvidou em obedecer aos pedidos do pastor, que levou a jovem à sua casa, onde a manteve sequestrada, com os pés e mãos amarrados, em penitência constante. Além disso, o religioso decretou jejuns e orações a toda a congregação enquanto aguardava uma mensagem divina que lhe diria o que fazer.
Com a ajuda de outros fiéis, Rocha convenceu a comunidade de que Vilma estava possuída pelo demônio. Além disso, afirmou que Deus lhe havia indicado que, para salvá-la, a mulher deveria ser queimada na fogueira. Ninguém protestou e, na manhã seguinte, depois de juntar os troncos necessários, a fogueira foi acesa. Enquanto muitos fiéis oravam na Igreja, eles ouviam os gritos de Vilma, que ardia em carne viva.
Quando as cordas que amarravam as mãos e os pés de Vilma foram queimadas, a mulher se libertou e caiu estirada nos limites da fogueira, ainda em chamas. Sete horas depois, ela agonizava. Seu pai, aflito, submeteu a filha para a uma jornada de mais de 24 horas até um hospital com infraestrutura suficiente para poder atendê-la.
Finalmente, após dias de suplício, Vilma Trujillo faleceu no Hospital Lenin Fonseca, em Manágua, capital da Nicarágua. A polícia, com a ajuda do exército, foi até El Cortezal para prender uma dúzia de pessoas, cinco das quais permanecem encarceradas à espera de um julgamento por sequestro e assassinato. Entre elas, está o pastor Juan Rocha, dois irmãos e dois colaboradores seus.
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Fonte: El País