O horror de quem foi atingido pelo veto de Trump

A&Extras
Por AE Brasil el 03 de November de 2022 a las 20:49 HS
O horror de quem foi atingido pelo veto de Trump-0

Poucos dias depois da posse como novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump emitiu duas ordens-bomba: uma  proibindo a entrada de todos os refugiados durante quatro meses, e outra decretando que nenhum visto seria concedido por 90 dias a sete países de maioria islâmica: Síria, Irã, Líbia, Iraque, Somália, Sudão e Iêmen. 

 

O mundo inteiro assistiu incrédulo o presidente assinar o decreto. Bastaram apenas algumas horas para pipocar relatos de passageiros muçulmanos presos nos aeroportos ou retirados de dentro das aeronaves antes da decolagem para os Estados Unidos.  

 

Um exemplo é do cineasta iraniano Asghar Farhadi, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Ele não deve conseguir entrar nos EUA para participar da cerimônia no final de fevereiro. Farhadi concorre com “O apartamento”, longa em que conta a história de um casal que muda de apartamento e passa a conviver com uma ameaça estranha. 

 

O cineasta acenou que mesmo que os Estados Unidos permitam sua entrada, irá boicotar a cerimônia. “Minha presença ali dependeria de muitos 'sins ' e 'poréns', algo que não considero aceitável, embora quisessem fazer uma exceção com a minha viagem", afirmou em entrevista à France Presse. 

 

Em 2012, ganhou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira por "A separação".

 

Os relatos, no entanto, não param por aí. O pior acontece mesmo com pessoas comuns, anônimas aos olhos da mídia. 

 

Veja alguns casos relatados pela Al Jazeera: 

 

• Nael Zaino é refugiado sírio que teve o azar de conseguir o visto americano no mesmo dia em que a ordem do presidente Trump foi emitida. Ele esperava rever sua esposa e filho, também refugiados, e que entraram nos EUA antes da lei. Zaino sequer conseguiu pôr os pés no avião.  

 

• Sarvin Haghighi é iraniana, possui green-card (permissão para residir e trabalhar nos EUA) e é casada com um americano. Pouco antes da lei,  ela saiu de viagem para visitar parte de sua família que vive na Austrália. Na hora de voltar, o susto: Sarvin estava impedida de entrar nos EUA, mesmo tendo permissão legal. Agora terá que amargar um período indeterminado longe do marido, dos amigos, da casa e do trabalho. 

 

• Kamal Fadlalla é sudanês e fazia o penúltimo ano de residência médica em Nova York. Ele estava no Sudão visitando a família quando foi surpreendido pelo decreto de Trump. Imediatamente Kamal tentou embarcar para os Estados Unidos, mas foi retirado de dentro avião. Seu futuro agora é incerto.

 

 

As histórias não param por aí. Há casos de pessoas que venderam tudo o que tinham para comprar uma passagem, gente que está há anos longe da família e crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas ou deficiência sendo barradas ou tendo de que voltar para casas que não existem mais.  

 

A paquistanesa Malala Yousafzai, a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel, disse estar de “coração partido ao ver que o presidente Trump fechou a porta àqueles que tentam fugir da guerra e da violência”. 

 


Fontes: Al Jazeera,  The Mirror e France Presse 

Imagem: Shutterstock.com